Anim’arte: Espaço Entrevista – ANA BRISSOS

Entrevista Revista Anim’arte 2019
Espaço Entrevista
ANA BRISSOS

Entrevista conduzida por:
Manuel Martins

 

Considera-se “uma mulher sensível, sonhadora criativa, apaixonada pela vida e coloca o seu coração em tudo o que faz”.
A música sempre fez parte da sua vida. Foi finalista do concurso de talentos “Bravo Bravíssimo” transmitido pela SIC em 1996 e participou em vários Festivais Juvenis da Canção sempre em paralelo com os seus estudos.
20 anos depois o sonho torna-se uma realidade e aí está a sua “ESSÊNCIA”, o seu primeiro trabalho discográfico, um misto de influências musicais, de muitos sentimentos e de emoções!
Chama-se ANA BRISSOS e quer partilhar com os portugueses a sua mais recente “ESSÊNCIA”.

A – Quem é a Ana Brissos?
A Ana Brissos é uma mulher sensível, sonhadora criativa, apaixonada pela vida e que coloca o seu coração em tudo o que faz. Sou natural de Santiago-do-Cacém, Ermidas-Sado, no Alentejo e sou muito ligada à minha família: os meus pais e irmão são o meu pilar, o meu suporte emocional. Valorizo a amizade. Tenho poucos, mas excelentes amigos, que me apoiam incondicionalmente em tudo o que faço.
Gosto de comunicar e de estar em contacto com pessoas e se puder, de alguma forma, impactar positivamente as suas vidas, estarei a cumprir a minha missão, seja através da música ou de outros talentos (ou competências) que tenha.

A – Quando e como a música “entra” na tua vida?
Não consigo precisar um momento específico. A música sempre fez parte da minha vida. A minha mãe, ouvia música e cantarolava para mim, tal como a minha avó Glória, que cantava muito bem e penso ter herdado dela esse dom.
Como era tão evidente os meus gostos pelas artes, em particular pela música, aos sete anos colocaram-me numa escola de música, onde estudei solfejo e órgão. O curioso é que o meu primeiro instrumento não foi a voz, mas sim o órgão (que entretanto evolui para piano). E assim continuei durante os dez anos seguintes a estudar música, em paralelo com a escola regular.

A – Fala-nos um pouco do teu percurso musical?
O meu percurso musical como cantora, começou aos doze anos de idade. Integrei um grupo infantil-juvenil chamado Baby Rock, orientado pela D. Ilda Ventura, que na altura era muito conhecida por “descobrir talentos”, para além de ser letrista. Foi ela que me ajudou a dar os primeiros passos na música, levando-me a festivais da canção e ao concurso de talentos “Bravo Bravíssimo”, um programa da SIC, onde fui finalista em 1996.
Seguindo já um percurso a solo e sob a orientação do Maestro José Orlando, continuei a participar em festivais juvenis da canção onde, em 1998, alcancei o 2º lugar do escalão juvenil do festival “Cidade de Elvas” e o prémio de “Melhor Intérprete” (de entre todos os escalões). No ano seguinte, e no mesmo festival, estreei-me como intérprete e compositora alcançando o 3º lugar. Foi um marco muito importante na minha vida.
Os anos seguintes foram de consolidação, era cantora convidada para as festividades da comunidade cultural/desportiva da Margem Sul do Tejo, onde resido. Fiz espetáculos um pouco por todo o país e primeiras partes de grandes nomes da música portuguesa. Mas gosto sempre de frisar que investi na música em paralelo com os meus estudos e em 2000 concluí a minha licenciatura em Contabilidade e Administração, pelo ISCAL. Na universidade fiz parte da Tuna Académica e do Grupo de Câmara.
Anos mais tarde, regressei aos estudos em canto lírico, sob orientação do Tenor Tiago Sepúlveda, com o objetivo de explorar e evoluir na técnica vocal. Mas a minha curiosidade levou-me a explorar outras áreas musicais, de forma a “alimentar” o meu portfolio de harmonias e sons, para a minha vertente de compositora de canções. Estudei Jazz, primeiro na Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa, sob orientação do professor e grande músico saxofonista José Menezes, e depois na JB Jazz que conta com grandes nomes do Jazz Português como professores. Foi para mim uma grande escola e crescimento pessoal e como música.
E é destas influências e da minha exploração musical que surgiram as principais composições da minha “Essência”, o meu álbum de estreia que expressa sentimentos e emoções, de uma forma intimista e genuína.

A – “Mares calmos não formam bons marinheiros – um dia olhamos para trás e percebemos que todas a tempestades têm a sua razão de ser” – foram essas tempestades responsáveis pela procura da “Essência”?
As “tempestades” fazem-nos olhar para nós próprios, numa aprendizagem e introspeção profunda, resultando em auto-conhecimento. São sempre transformadoras porque somos elevados a outro nível de desenvolvimento pessoal. Portanto, todos os desafios que a vida me proporcionou vieram reforçar a minha “Essência”, mas de forma amplificada querendo potenciar e vivê-la em pleno, sem qualquer pudor ou receio do que os outros possam pensar.

A – Podes especificar mais esta ideia de transformar desejos, fantasias e sonhos em poesia / música?
A escrita, seja em forma de prosa, poesia e no meu caso em forma de canção, porque adiciono melodia e harmonia à letra, é um processo muito criativo (eu até acho que tem algo de místico). Há uma “extração” de pensamentos, sentimentos e emoções do nosso Ser, processo ao qual se juntam outras informações (ou conhecimentos), como notas musicais, harmonias e ritmos (até elementos inspiradores) e que, quando conectadas entre si, produzem algo novo. Um novo conhecimento sobre nós próprios e/ou sobre a realidade que nos rodeia ou sobre determinado assunto, e que que fica representado por uma “obra de arte” – a canção. Esta forma de expressão artística é muito enriquecedora a vários níveis, principalmente do ponto de vista intelectual e claro, faz parte do meu processo de auto-conhecimento que falámos.

A – No cais da saudade. Vínculo eterno em ansiedade. E a esperança no seu regresso. O que procuras neste “cais da saudade”? (título do teu 1.º single)
Em relação ao tema “Cais da Saudade” como música e a escolha como 1º single do meu álbum, é o facto de eu considerar a música mais representativa das minhas influências musicais e da minha “Essência”. A música é inspirada no meu irmão, que era marinheiro (agora sargento) da Marinha Portuguesa, e é uma forma de homenagear todos aqueles que defendem a nossa pátria aqui, além-mar e além fronteiras e que, para isso, abdicam de estar perto da família, do vínculo-eterno (Mãe) e do seu amor (namorada/o, esposa/o), ficando na saudade, mas com “esperança no seu regresso”. Também o povo português é homenageado, porque fizemos e fazemos coisas extraordinárias e o “mundo pula e avança” quando desafiamos o desconhecido, quando seguimos os nossos sonhos, e “sem receios, navegar”. Também é uma mensagem motivacional e inspiradora (eu hoje vejo-a desta forma também).

A – Neste cais há uma música mas também uma história de amor, de saudade e de esperança?
Nesta canção são retratados dois tipos de amor: o amor romântico, entre um homem e uma mulher, e o principal, o amor de mãe – o vínculo eterno. Este é o amor mais forte que existe e que é para toda uma vida (reflete também aqui a ligação forte que tenho com a minha mãe). A saudade e a esperança são os sentimentos que muitas mães (e família) sentem por não terem notícias dos entes queridos que foram para o mar, deixando-as numa angústia e ansiedade. Eu vi isso na minha mãe, mas também vi a “esperança” em seus olhos e atitudes.

A – Quais são verdadeiramente as tuas influências musicais e até que ponto se tornaram limitadoras / orientadoras no processo criativo?
As minhas influências musicais são a música clássica, o jazz e o fado. No meu percurso musical encontrei nestes três “estilos” (se é que poderemos chamar assim), em especial o clássico, a minha “Essência” musical. Nunca são limitadoras, muito pelo contrário, abrem-nos um leque de oportunidades a explorar. No processo criativo nunca penso nas influências. Eu sigo os meus “Sentimentos e Emoções” e de uma forma inconsciente, as influências surgem ou na estrutura da música e dinâmica, nos acordes e progressões, no ritmo, na interpretação, etc.

A – Esta tua “Essência” é um processo que procura um género, uma linha melódica, um estilo… que te pode tornar singular no mundo da música?
Tenho dificuldade de afirmar que a minha “Essência” é singular, sob pena de ser mal interpretada. Mas a verdade é que é muito meu e não estamos a falar por ser autora da maior parte das letras e de todas as músicas. A minha criatividade está também em todo um conceito, desde a escolha dos instrumentos, o ambiente e estado de espírito “induzido” em cada uma das canções e do álbum inteiro, a sequência das canções, até a sessão de fotos e design. Mas mais, reflete uma forma de pensar e de estar perante a vida. Uma mensagem que espero que chegue ao outro e que o leve a se identificar com as histórias que conto.

A – Afirmas que és “uma mulher sensível, emotiva e muito expressiva”. Que papel destinas à música e que importância ela tem na tua vida – emancipação, liberdade, ponte para a exteriorização de sentimentos?
A música é o meu “porto de abrigo” que me salva todos os dias. Preciso da música como “da água para viver”. É a minha forma de expressar o que me vai na alma, pensamentos, sentimentos, emoções, o que for! As músicas são também um registo do crescimento pessoal, da maturidade e de como pensamentos são imutáveis no tempo. É muito interessante ver temas que escrevi há quase uma década e que continuam atuais e ainda me fazem mais sentido hoje.

A – Terminada a fase criativa entras na fase comercial de divulgação, promoção, comercialização deste trabalho? Já tens uma estratégia planificada?

Esta parte não foi só a criativa, mas também da produção e gravação do álbum. Só esta última levou quatro anos, com marcos de “reflexão-decisão”, que foram também importantes para o amadurecimento das ideias, do projeto como um todo e das músicas que dele fazem parte. Por exemplo, “Pequenas Coisas”, foi à última da hora! Portanto, nada acontece por acaso.
Próximas fases, serão a distribuição, já é possível ouvir a minha “Essência” nas plataformas digitais como o Spotity, Deezer, Itunes e adquirir online; vamos colocar os CDs nas lojas FNAC e também fazer alguns Show Cases promocionais de apresentação do álbum ao vivo. Estou a fazer contactos com rádios e programas de Tv para divulgação, porque é a melhor forma de chegar ao público, numa primeira fase. A ideia será levar a minha “Essência” aos portugueses através de concertos em auditórios e cineteatros, por todo o país. É um caminho que estou a percorrer sozinha e com a equipa de músicos que estou a reunir, contanto com a ajuda de quem quiser fazê-lo de livre e espontânea vontade. E tenho, até ao momento, tido muita sorte com quem me tenho “cruzado” e me têm dado a oportunidade de dar a conhecer a minha música. Por isso também o meu agradecimento à Revista Anim’Arte pelo convite a esta entrevista.

A – Vais aguardar os resultados práticos deste teu primeiro trabalho ou já estás a pensar no próximo?
Eu estou sempre cheia de ideias e projetos! Mas agora quero consolidar este trabalho, ganhar algum “posicionamento” na música como cantora e compositora, porque apesar de estar há 25 anos, só agora lanço o meu primeiro álbum, e “ir para a estrada” para ganhar a experiência de concertos ao vivo e com músicos em palco. Tenho muito a aprender e sei que vou tirar novas “lições de vida” que serão uma mais valia para próximos projetos.

A – Deixo um espaço final para falares de tudo o que considerares importante e que ficou por dizer?
Este meu sonho tem mais de vinte anos. É, portanto, a prova de que quando se trabalha com determinação e foco no que realmente é importante, colocando paixão e amor em tudo o que se faz, sem ligar e até mesmo ignorar o que não nos acrescenta valor, podemos tornar sonhos realidade. As desilusões fazem parte, as quedas e as lágrimas também! Mas a superação de todos os desafios, tornam-nos tão mais fortes por dentro… e a recompensa emocional que recebemos por alcançarmos os nossos sonhos (ou objetivos), é o melhor da vida! Enche-nos a alma de coisas tão positivas e felizes. E este é o principal objetivo do ser humano: Alcançar a felicidade plena! Mas a felicidade estás no caminho, nas mais “Pequenas Coisas” do nosso dia-a-dia! Não deixem nada por dizer, nada por fazer! “O Sonho Comanda a Vida!”.
Mais uma vez, Muito Obrigada pela oportunidade!

 

Um especial obrigada ao meu amigo Manuel Martins por todo o apoio e amizade.

 

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